19.11.06

De 2050 a 1950 em 2 Dias

Estive visitando a cidade de Osório (RS) nessa última semana. O campeonato gaúcho de velocidade em windsruf e kitesurf aconteceu lá na quarta passada (feriado). Quando se chega perto da Lagoa dos Barros (onde ocorreu a competição) podemos ver um dos maiores e mais modernos parques eólicos do mundo. É impressionante, são torres com mais de 100m de altura com hélices gigantes (30m) girando vagarosamente e gerando 2MW de energia cada uma. Não é possível passar por ali e não sentir-se no futuro. Comentei com o amigo Roger, quando vimos pela primeira vez o parque (estavamos juntos): É como estar em 2050. Energia sendo gerada com baixo impacto ambiental, limpa e silenciosamente! Uma beleza mesmo, impressionante. São muitas torres que, por incrível que pareça, não poluem visualmente a visão do horizonte. Talvez por causarem essa sensação de estarmos testemunhando o avanço tecnológico da humanidade, em outras palavras, vendo um pouco do que nos espera no futuro. Muito bem, mas como fui parar de 2050 em 1950 em 2 dias? Como foi possível viajar 100 anos em tão pouco tempo? Na sexta passada, 2 dias depois, lendo o jornal semanário local (Jornal Panorama, publicado na cidade de Taquara), fui remetido de volta a 1950. Em um enorme anúncio o SINDINCOM (Sindicato dos Empregados no Comércio de Taquara) chama a sociedade para uma campanha contra o trabalho nos domingos. Não é incrível!? O eslogam da campanha é ótimo: "se domingo fosse dia de trabalho, deveria se chamar segunda-feira". Não dá para ler uma coisa dessas e não dar belas gargalhadas. Uma obra que parece ser fruto da mente criativa de comediantes como o pessoal do Casseta&Planeta. O melhor (ou pior, não sei) é que essa entidade tém o apoio da FECOSUL (Federação dos Comerciários do RS). Eu tenho que deixar claro que não tenho nada contra essa classe de trabalhadores antes de continuar. Acho até que com isso eles estão sendo prejudicados pelos órgãos que os representam. Mas, por favor, isso não parece um retrocesso a 1950? À mim parece. No século corrente (XXI) pessoas atuam em diversas profissões nos mais variados turnos e esquemas de trabalho, para prestar serviços de qualidade, quando as pessoas precisam. A organização do trabalho, baseada nos conceitos do sistema de produção de Ford, foi a responsável por criar nossos turnos de trabalho. Com o sistema de produção artesanal o empregado fazia uma cadeira inteira sozinho, podendo assim trabalhar a hora que bem entendesse na produção dessa cadeira. Com o sistema do Ford, como uma pessoa precisa cortar a perna da cadeira e a pessoa seguinte na esteira precisa pregá-la no assento, todos os trabalhadores tem que estar no mesmo horário na linha de produção. Com o passar do tempo as lutas pelos direitos trabalhistas, as crises e as revoluções fizeram com que tenhamos no Brasil uma jornada de 8 horas, onde a maioria absoluta das pessoas trabalha das 9h as 18h, ou alguma pequena variação disso. Isso faz algum sentido? O Super-mercado, o banco, o barbeiro, etc. trabalham na hora em que seu cliente, outro trabalhador, está também cumprido sua jornada laboral diária. Isso não poderia dar certo! E não está dando. Os bancos agora tem serviços alternativos que permitem que se faça praticamente tudo 24h por dia, os supermercados fecham as 22h, temos lojas de conveniência nos postos de combustível que permanecem abertas 24h. Nos tempos atuais as pessoas trabalham em horários absolutamente imprevisíveis. Na computação é um hábito trabalhar até altas horas da madrugada e dormir a manhão toda. Essa turma não trabalha em linha de produção normalmente e, quando trabalha, as vezes ainda o faz com equipes em outras "time zones" mundo a fora. Os serviços, inclusive o comércio, que não se adaptarem a vida moderna estão fadados ao fracasso. Considerar não trabalhar aos domingos não me parece uma atitude inteligente. As pessoas querem fazer compras domingo. Quer ver? Vá em qualquer Shopping-center de Porto Alegre neste dia. Os cristãos consideram o Domingo como dia dedicado ao culto, em comemoração da ressurreição de Cristo ocorrida nesse dia. É um dia para que os seguidores dessa religião descansem e frequentem seus cultos. Só isso! O Sábado tem essa conotação para os Adventistas. Eu tenho dúvidas se os comerciários são todos cristãos frquenteadores de cultos dominicais. Se não, como eu imagino ser a maioria absoluta não cristã de verdade, porque não folgar em qualquer outro dia da semana. Pobres dos comerciários Adventistas que não tem representação por serem minoria. Bom, de volta para o futuro, contratar mais comerciários para trabalhar nesses diferentes dias e horários é bom para a categoria e diminui o desemprego, ou alguém te algum argumento plausível a favor dessa imbecilidade?

14.11.06

Leis e Leis

Já vi que não vai faltar assunto para meus posts nesse blog. A imbecilidade das instituições públicas que administram esse país de quinta categoria não tem limites! No post anterior critiquei a ação da ADEPI e neste vou falar de um projeto de lei que foi assunto da mídia na última semana. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) considera a identificação do usuário na Internet muito mais que o tradicional "login & senha". Segundo esse senhor, eleito por nós - o povo brasileiro, para usar a Internet o usuário deve passar sua ficha completa: nome completo, data de nascimento, endereço completo e etc. Além disso, quem provê acesso a Internet tem que armazenar por 5 anos esses dados e um registro completo sobre o que o usuário acessou. Quem será que irá se beneficiar com essa nova lei? Certamente esse senador conhece alguém ou tem algum acessor, que conhece alguém, que sabe como ganhar muito dinheiro com isso e irá garantir alguns porcento para o bolso dessa corja. Não tem outra explicação, só não vê quem não quer. Esse tipo de restrição, que essa lei pretende impor, não se aplica em lugar nenhum do mundo, ao menos que eu saiba. Isso, por razões óbvias, não aumenta a segurança na Rede. Mas não vou entrar em detalhes sobre esse assunto. Um aluno meu (obrigado Parlatto) mandou essa ilustração que representa com majestria o que eu imagino que as coisas podem se tornar nas mão de pessoas tão despreparadas como são os nossos políticos profissinais. Mas tudo bem, eu já vi coisas muito piores! O fato que quero destacar é que, quando vi essa notícia, imediatamete me lembrei de um outro projeto de lei que chegou a ser aprovado em meados de 1998. Naquela época um outro incompentente eleito conseguiu que fosse aprovado o uso obrigatório, em veículos automotivos, de um kit de primeiros socorros. Alguém lembra? Pois bem, eu gastei os R$25,00 que eu não tinha naquela época para munir meu Fusca 79 de um desses. Não se passou nem uma semana da lei vigorando para as pessoas serem paradas por policias rodoviários nas estradas para que estes verificassem a presença de tão importante dispositivo de segurança. O motorista que vinha pela BR116, desviava de um buraco depois de não enchergar as linhas que limita a estrada (mal pintadas), e era parado por questões de segurança, para verificar se o kit estava em ordem. O tal tinha gase, luvas de borracha, tesoura, e todo tipo de bobagem para-médica que se puder imaginar. Para quê? Eu imagino que as luvas teriam boa serventia para trocar o pneu do carro sem sujar as mãos antes daquela reunião importante. Ou talvez para limpar uma escoriação no joelho do filho que caiu de bicicleta no parque. Mas para um acidente no trânsito não vejo serventia. Não sou médico, mas sempre ouvi deles a seguinte recomendação "não mexa nos feridos, você não é médico!". A lei que obrigava o uso do kit não durou muito. Isso mesmo, a lei foi revogada um ou dois meses depois. E o kit? O que eu fiz com ele? Bom, eu tive vontade de fazer o que todo mundo imagina, mas acabou indo para o lixo. Centenas de milhares de brasileiros puseram essas porcarias no lixo depois de gastarem dinheiro e até serem multados. No brasil, como diz meu irmão, tem lei que "pega" e lei que não "pega". Mas certamente, da forma como as coisas se fazem, tem gente que ganha e tem gente que não ganha com leis desse tipo. Estou falando de ganhar dinheiro direta e ilícitamente.

2.11.06

Legendas Lost

O post que inaugura esse blog é sobre a capacidade que algumas entidades desse país de quinta categoria em se meter nas coisas mais absurdas movidas pela pressão de empresas que subornam, das mais diversas formas, as pessoas que são responsáveis por estas entidades. Algum tempo atrás comecei a assistir o seriado de TV denominado Lost. Descobri sem querer na AXN (canal de TV) e virei um fã, principalmente pela criatividade de seus criadores. Recomendo! Se é que posso fazer isso. Pois bem, hoje descobri que a ADEPI (Associação de Defesa da Propriedade Intelectual) ameaçou com prisão os responsáveis pelo site LostBrasil pela publicação das legendas em português dos episódios da série que circulam pela Internet. O site, e seus administradores, são acusados de violar alguns artigos da lei de propriedade intelectual que fazem referência a tradução. Eu acho que sei o porque disso. Vejam, a terceira temporada da série estréia no Brasil, na AXN, só no ano que vêm. A segunda temporada nem foi veiculada na Globo (só no ano que vem também!). A ADEPI, proibindo a circulação de legendas em português, quer dificultar a vida dos brasileiros no sentido de evitar que nós possamos assistir aos episódios (no momento o quinto da terceira temporada) na sua estréia real! É obvio, está nas entre-linhas, que alguém está pagando alguém ou beneficiando alguém para que essa entidade atue contra as legendas. Já não basta a imbecilidade de, apesar de um mundo conectado e globalizado, termos que assistir uma série de TV com 6 meses de defasagem do resto do mundo! Porque?! Porque durante a exibição dos episódios na TV daqui a Deus sabe quando serão exibidos comerciais lucrativos, por isso nós não devemos ver os episódios que circulam livremente pela Rede (inclusive com anuência da produtora do seriado). As legendas de alta qualidade produzidas por nós mesmos e sem fins lucrativos não podem ser disponibilizadas! Nós pagamos os “brilhantes” advogados da ADEPI para preocuparem-se com coisas desse tipo? Eu não sabia disso. Eu achava, sinceramente, que haviam muitas outras coisas mais importantes ocorrendo no Brasil com relação a propiedade intelectual, você também não achava isso? Os argumentos das pessoas dessa entidade que estão circulando na mídia são umas besteiras sem tamanho, umas justificativas furadas embasadas em leis genéricas. Se eu não posso ver na TV quando o episódio é exibido pela primeira vez, eu pego na Internet e baixo as legendas! Eu quero ver, tenho o direito. Se a AXN passar nessa hora, vou assistir na AXN (e trocar de canal na hora do comercial, como sempre faço), se não passar, o problema não é meu!